A importância do BCAA no esporte, saiba como ele age no organismo.
Os aminoácidos de cadeia ramificada leucina, isoleucina e valina estão entre os nove aminoácidos essenciais para os seres humanos. A denominação recebida deve-se a sua característica estrutural específica que é uma cadeia lateral ramificada. Em inglês estes aminoácidos são chamados de Branched-chain Amino Acid e por isso, recebem a sigla BCAA.
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INTEGRAÇÃO METABÓLICA E BCAA
O interesse pela relação entre o metabolismo de aminoácidos de cadeia ramificada e atividade física teve início em meados dos anos 80, quando Okamura et al. (1987) demonstraram que ratos exercitados até a exaustão apresentaram queda na relação de BCAA, aminoácidos essenciais plasmáticos ao final do exercício. Estes achados estão relacionados com a fadiga central provocada pela elevação das concentrações cerebrais de amônia e a redução da disponibilidade de aminoácidos ramificados na circulação. Isto porque a utilização de aminoácidos de cadeia ramificada pelo músculo esquelético é inversamente proporcional à concentração de glicogênio pelo ciclo Alanina-Glicose.
A liberação de aminoácidos pelo fígado é diretamente proporcional à intensidade e duração do esforço. Com a atividade motora, ocorre aumento do fluxo sanguíneo para a musculatura esquelética exercitada. No fígado, os aminoácidos de cadeia ramificada são consumidos, gerando intermediários do Ciclo de Krebs e fornecendo seu grupamento amínico ao piruvato, convertendo-o à alanina. Esta por sua vez, segue pelo sistema circulatório até o fígado, onde será desaminado e novamente convertida a piruvato.
O piruvato atravessa a membrana mitocondrial, onde é convertido a oxaloacetato. O aumento da concentração de oxaloacetato irá estimular a enzima PECK (fosfoenol piruvato carboxiquinase), catalisando a reação de síntese do fosfoenolpiruvato. Esse ponto da via glicolítica é reversível e pode promover a síntese de glicose hepática, completando o ciclo alanina-glicose. O consumo de BCAAs pelo músculo pode ocorrer na tentativa de manter a funcionalidade do Ciclo de Krebs em situações em que há depleção dos estoques de glicogênio por uma reação denominada de anaplerótica.
Wagenmakers et al. (1989) conduziram um estudo utilizando dois grupos diferentes, sendo um com atletas treinados e alimentados e outro com pacientes portadores da síndrome de McArdle, que é uma doença caracterizada por uma deficiência do metabolismo de carboidratos, para avaliar a utilização de BCAAs como fonte de energia.
OS RESULTADOS EVIDENCIARAM QUE ESTOQUES MAIORES DE GLICOGÊNIO MINIMIZAM A DEGRADAÇÃO DE BCAAS E SUA UTILIZAÇÃO COMO FONTE DE ENERGIA PELO TECIDO MUSCULAR.
Com estes fatos é possível compreender porque a utilização desses aminoácidos torna-se mais acentuada ao final de exercícios de longa duração e alta intensidade.
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EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO DE BCAA EM PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA
Existem fortes evidências de que a suplementação de aminoácidos de cadeia ramificada promova a recuperação após o esforço, reduzindo a degradação de proteína estrutural, com balanço positivo entre o anabolismo e o catabolismo muscular.
Entretanto, a suplementação de aminoácidos de cadeia ramificada é pouco eficiente em promover maior tolerância em atividades prolongadas. Um discreto aumento do desempenho foi demonstrado por Bloomstrand et al. (1991). Nesse estudo os corredores mais lentos suplementados com BCAA apresentaram melhor desempenho que os suplementados com placebo. Além disso, o desempenho cognitivo foi favorecido em todos os indivíduos que consumiram BCAA. Embora a discussão sobre esta eficiência ainda seja bastante controversa, o ponto positivo destes estudos foi despertar o interesse sobre o metabolismo desses aminoácidos no músculo em diferentes situações.
Em uma revisão sobre o tema Luz et al. (2011) demonstraram que a utilização dos aminoácidos ramificados vai além do desempenho físico e que seu consumo é capaz de favorecer também a recuperação do tecido muscular. Uma explicação para este benefício é a de que a suplementação com aminoácidos de cadeia ramificada promove a redução de marcadores biológicos associados aos processos inflamatórios, tendo como consequência a aceleração do processo de recuperação de lesões.
Essas evidências aparecem como grande perspectiva para indivíduos ativos, sugerindo uma recuperação muscular mais rápida após o esforço. Os resultados também apontam resultados positivos para a suplementação de BCAA em atletas, como menor tempo de duração da dor tardia e retorno mais rápido ao treino intenso.
QUANTAS GRAMAS DE BCAA DEVO CONSUMIR?
Estudos realizados por Shinomura et al. (2009) demonstraram que a suplementação de 5 gramas de BCAA antes do exercício de força promove menor concentração plasmática de marcadores de lesão celular e menor inflamação tardia após o exercício. Outro dado relevante é que o grupo placebo apresentou acentuada redução plasmática de BCAA comparado ao grupo suplementado.
ESTUDOS SUGEREM QUE A UTILIZAÇÃO DE BCAA ANTES DA ATIVIDADE FÍSICA PROMOVE MENOR RESPOSTA INFLAMATÓRIA APÓS O ESFORÇO, MENOR CONCENTRAÇÃO DE MARCADORES PLASMÁTICOS DE LESÃO CELULAR E CONSEQUENTEMENTE, PROMOVE A RECUPERAÇÃO MAIS RÁPIDA APÓS ESFORÇO.
SEGURANÇA NO USO DO BCAA
A proporção mais eficaz dos três aminoácidos ainda não está clara. Estudos com animais sobre a toxicidade do BCAA mostraram que o fornecimento de leucina, isoleucina e valina em proporção semelhante à da proteína animal (2:1:1) são seguras.
Ainda são necessários mais estudos sobre os efeitos ergogênicos dos BCAAs. No entanto, as pesquisas indicam que a suplementação com aminoácidos de cadeia ramificada antes da atividade física intensa promove a redução das concentrações de marcadores de lesão celular e a recuperação mais rápida do esforço. Não há dúvidas de que os estudos sobre o efeito da suplementação com BCAAs devem evoluir nos próximos anos, com o potencial de maiores descobertas relacionadas à prática de atividade física.
Referências: Okamura K, Matsubara F, Yoshioka Y, Kikuchi Y, Kohri H. Exercise-induced changes in branched chain amino acid/aromatic amino acid ratio in the rat brain ans plasma. Jpn J. Pharmacol.
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